2008-06-07

CONTEXTUALIZANDO


Acordo Ortográfico


O que muda na Língua Portuguesa a partir de 2009



Alfabeto
O alfabeto brasileiro passa a ter 26 letras, em vez de 23.Foram incluídas k, w e y, usadas principalmente em siglas e palavras originárias de outras línguas.Exemplos:Franklyn, Darwin, darwinismo, Kuwait, kuwaitiano, km (para quilômetro), kg (para quilograma), kW, (para kilowatt).

Trema
O trema foi abolido de todas as palavras da língua portuguesa. Essa marcação servia, originalmente, para destacar a pronúncia do u nas combinações que, qui, gue e gui.A partir de agora, portanto, escreve-se aguentar, alcaguetar, ambiguidade, bilíngue, cinquenta, consequência, eloquente, enxágue, equestre, frequentar, linguiça, linguística, pinguim, sequestro, tranquilo, ubiquidade, etc.Porém, o trema é mantido em nomes próprios estrangeiros e suas derivações, como Bündchen, Schönberg, Müller e mülleriano, por exemplo.

Acento diferencial
É o acento usado para diferenciar duas palavras de significado diferente, mas escritas da mesma forma. Ele deixa de existir nos seguintes casos:Para (verbo), que se diferenciava da preposição para;Pelo (substantivo), que se diferenciava da preposição pelo;Polo (substantivo), que se diferenciava da preposição polo;Pera (substantivo), que se diferenciava da preposição pera.
Há as seguintes exceções:Pôde (verbo poder no passado) conserva o acento para se distinguir de pode (verbo poder no presente);Pôr (verbo) conserva o acento para se distinguir de por (preposição).Uso facultativo nos casos:Dêmos (do verbo no subjuntivo que nós dêmos) para se diferenciar de demos (do passado nós demos);Fôrma (substantivo) para se diferenciar de forma (verbo).


Ditongo
Ditongo é o encontro de duas vogais pronunciadas em uma só sílaba.O acento agudo foi eliminado nos ditongos abertos das palavras paroxítonas, como alcaloide, assembleia, boleia, epopeia, ideia, jiboia, paleozoico, paranoia, onomatopeia.As palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói continuam acentuadas: chapéu, herói, corrói, remói, céu, véu, lençóis, anéis, fiéis, papéis, Ilhéus.

Hiato
Os hiatos são sequências de vogais que pertencem a sílabas diferentes.Foram eliminados os acentos circunflexos nos hiatos dos seguintes casos:oo – enjoo, perdoo, magoo, voo, abençoo;ee – creem, deem, leem, releem, veem, preveemO acento circunflexo continua valendo para sinalizar o plural dos verbos ter e vir e seus derivados: eles têm, eles vêm, eles retêm, eles intervêm.

U tônico, I e U tônicos
U tônicoA letra u não será mais acentuada nas sílabas que, qui, gue, gui dos verbos como arguir, redarguir, apaziguar, averiguar, obliquar. Assim, temos apazigue (em vez de apazigúe), argui (em vez de ele argúi), averigue, oblique. Pode-se também acentuar desta forma esses verbos: ele apazígue, averígue, oblíque.I e U tônicosAs palavras paroxítonas que têm i ou u tônicos precedidos por ditongos não serão mais acentuadas. Desta forma, agora escreve-se feiura, baiuca, boiuno, cauila.Essa regra não vale quando se trata de palavras oxítonas; nesses casos, o acento permanece. Assim, continua correto Piauí, teiús, tuiuiú.

Hífen
O hífen desaparece em algumas palavras compostas que perderam a noção de composição, por exemplo: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista.Esta é ainda uma questão controversa, que será resolvida com o lançamento do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, VOLP, desenvolvido pela ABL, a ser lançado no início de 2009.O uso do hífen vai mudar também com alguns prefixos.
Emprego do E, I
Escreve-se com i, e não com e, antes da sílaba tônica:Adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos -iano e -iense.Exemplos: acriano (do Acre), camoniano (referente a Camões), torriense (de Torres), açoriano (dos Açores), rosiano (relativo a Guimarães Rosa).



Considerações sobre o Acordo Ortográfico



O Novo Acordo Ortográfico, que entrará em vigor a partir de primeiro de janeiro de 2009, gera polêmica entre gramáticos, escritores e professores de Língua Portuguesa. Segundo o Ministério de Educação, a medida deve facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre os países que falam Português e ampliar a divulgação do idioma e da literatura portuguesa. Dentre os aspectos positivos apontados pela nova reforma ortográfica, destacam-se ainda:

Nova Reforma Ortográfica – Aspectos Positivos

- redução dos custos de produção e adaptação de livros;

- facilitação na aprendizagem da língua pelos estrangeiros;

- simplificação de algumas regras ortográficas.


Nova Reforma Ortográfica - Aspectos Negativos

- Todos que já possuem interiorizadas as normas gramaticais, terão de aprender as novas regras;

- Surgimento de dúvidas;

- Adaptação de documentos e publicações.

Período de adaptação

Mesmo entrando em vigor em janeiro de 2009, os falantes do idioma terão até dezembro de 2012 para se adaptarem à nova escrita. Nesse período, as duas normas ortográficas poderão ser usadas e aceitas como corretas nos exames escolares, vestibulares, concursos públicos e demais meios escritos. Em Portugal, cerca de 1,6% das palavras serão alteradas. No Brasil, apenas 0,5%.

Atualização dos livros didáticos


De acordo com o MEC, a partir de 2010 os alunos de 1º a 5º ano do Ensino Fundamental receberão os livros dentro da nova norma - o que deve ocorrer com as turmas de 6º a 9º ano e de Ensino Médio, respectivamente, em 2011 e 2012.


Reforma na escrita


Por fim, é importante destacar que a proposta do acordo é meramente ortográfica. Assim, restringe-se à língua escrita, não afetando aspectos da língua falada. Além disso, a reforma não eliminará todas as diferenças ortográficas existentes entre o português brasileiro e o europeu.


Um pouco de História!


História da Ortografia do Português

Conheça uma breve cronologia das reformas ortográficas da língua portuguesa.


Séc XVI até séc. XX - Em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de cariz etimológico (a raiz latina ou grega determinava a forma de escrita das palavras com maior preponderância).


1907 – A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações.


1910 – Implantação da República em Portugal – é nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplicada e uniforme a ser usada nas publicações oficiais e no ensino.


1911 – Primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a escrita, mas que não foi extensiva ao Brasil.


1915 – A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a portuguesa.


1919 – A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.


1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum.


1929 – A Academia Brasileira de Letras altera as regras de escrita.


1931 – É aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa. Contudo, este acordo não foi posto em prática.


1938 – São sanadas algumas dúvidas quanto à acentuação de palavras.


1943 – É redigido o Formulário Ortográfico de 1943, na primeira Convenção Ortográfica entre Brasil e Portugal.


1945 – Um novo Acordo Ortográfico torna-se lei em Portugal, mas não no Brasil, por não ter sido ratificado pelo Governo; os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia do Vocabulário de 1943.


1971 – São promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.


1973 – São promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências ortográficas com o Brasil.


1975 – A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboraram novo projeto de acordo, que não é aprovado oficialmente.


1986 – O presidentedo Brasil, José Sarney, promove um encontro dos então sete países de língua oficial portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe -, no Rio de Janeiro. É apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.


1990 – A Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro, juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. As duas Academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor, de acordo com o seu artigo 3º, no dia "1 de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português".


1996 – O Acordo Ortográfico é apenas ratificado por Portugal, Brasil, e Cabo Verde.


2004 – Os ministros da Educação da CPLP reúnem-se em Fortaleza, no Brasil, para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico com a ratificação de apenas três membros, assim como incluir Timor-Leste.


2008 – O Acordo Ortográfico de 1990 é aprovado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal, sendo a sua implementação já realizada no início de 2009.

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